“Entre os currais e o céu, tinha só um gramado limpo e uma restinga de cerrado (...). Ali, a gente não vê o virar das horas. E a fôgo-apagou sempre cantava, sempre. (...) Daí, passamos um rio vadoso - rio de beira baixinha, só buriti ali, os buritis calados.
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E vim vindo, para a beira da vereda. Consegui com o frio, esperei a escuridão afastar. Mas, quando o dia clareou de todo, eu estava diante do buritizal.
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O senhor estude: o buriti é das margens, ele cai seus cocos na vereda - as águas levam - em beiras, o coquinho as águas mesmas replantam; daí o buritizal, de um lado e do outro se alinhando, acompanhando, que nem que por um cálculo. (...) Buriti quer todo azul, não se aparta de sua água - carece de espelho.
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Aquelas chapadas compridas, cheias de mutucas ferroando a gente. Mutucas! Dá o sol, de onda forte, dá que dá, a luz tanta machuca. (...) E tinha até uns embrejados, onde só faltava o buriti! palmeira alalã - pelas veredas. E buraco poço, água que dava prazer em se olhar. Devido que nas beiras - o senhor crê? - se via a coragem das árvores, árvores de mata, inda que pouco altaneiras!”
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Trechos tirados do livro “Grande Sertão: Veredas”, escrito por João Guimarães Rosa, em 1956.